Em 20 de julho se comemora o Dia do Amigo, no Brasil. Não sei há quanto tempo existe esta data, mas parece que foi criada por um argentino. Em tempos de mídias digitais, a data se popularizou. A amizade pode ser terapêutica. Mas também pode ser tóxica. Amizade pode ser considerada uma terapia. Mas, e a terapia, ela pode ser considerada amizade? 

Amigos são importantes para a nossa saúde mental

Ter amigos e amigas faz toda a diferença, para o nosso bem estar e saúde mental. Influi  na nossa qualidade de vida. Esta foi a conclusão de um estudo em Harvard, que foi apresentado na palestra TED de Robert Waldinger. Vale a pena assistir. 

Porém, por mais fortes  os laços de amizade, quando a gente chega na vida adulta, os encontros podem se espaçar.  Seja por conta da distância, dos requisitos familiares ou profissionais, pelo ciclo de vida – enfim, pelo corre-corre diário – nos encontramos menos vezes com pessoas que foram muito importantes em algumas fases das nossas vidas. 

carinho

Você sabe que quem é amigo de verdade tem um lugar especial no coração pra você. E é importante que você deixe que ele/ela saiba que também tem. 

Amigos de verdade e contatos das redes sociais

Podemos ter centenas de contatos hoje nas redes sociais. Mas, há um consenso: é impossível consegue ter centenas de amigos.

Em termos de amizade, menos é mais

O que importa na amizade? Nem sempre será o tempo de duração. 

Os laços de amizade nem prendem e nem sufocam.

Amigos verdadeiros se preocupam com nosso bem-estar, nosso desenvolvimento em todas as áreas. Têm carinho.

Você fica  realmente feliz pelo sucesso do seu amigo ou da sua amiga. Não há competição.

Não há puxadas de tapete. Não há intrigas. Nem ciúmes e tampouco inveja.

A psicoterapia poderia ser considerada amizade?

A maioria dos psicólogos dirá que a terapia se diferencia da amizade. Mas existem pontos em comum com a amizade sincera. É um vínculo especial.

Mas o processo psicoterapêutico pode ser por tempo determinado, por inúmeras razões. 

Algumas diferenças entre vínculos de amizade e vínculos psicoterápicos

    1. o setting terapêutico – o espaço do consultório não é um lugar de simples ‘bate papo’. É cuidadosamente preparado para acolher e manter a confidencialidade das conversas. A pessoa se sente segura para falar e tirar suas máscaras. Eventualmente, se chorar, não vai pensar no que as pessoas à volta estarão pensando. Em geral, é a este setting que vai ficar restrito o encontro. Tem razões para isto. 
    2. a frequência e horário dos encontros – as consultas de terapia costumam acontecer, inicialmente, pelo menos uma vez por semana. Os horários são previamente acordados. Cada vez mais é necessário ter flexibilidade entre as partes envolvidas.
    3. em terapia, fala-se das dores emocionais, das dificuldades, do que incomoda. Daquilo que é difícil de contar para quem convive com a gente tão intimamente. Ou há muitos anos. Quem está em terapia conta as situações mais difíceis que enfrenta e também os aspectos que considera mais inaceitáveis. E o/a terapeuta não julga. Aceita. Acolhe. E trabalha sobre o assunto, aprofundando. Amigos tentam apaziguar a dor, por não saberem lidar com tanta emoção – o que não colabora para que a dor passe efetivamente.
    4. Psis não competem com as pessoas que atendem (amigos verdadeiros também não, mas somos todos humanos, né?)

fazerterapia

Amigos e amigas muitas vezes tentam dissuadir dos projetos que julgam arriscados – dentro dos próprios valores e medos. Incomodam-se com as inquietudes, pois não sabem lidar com suas próprias.

Não foram treinados para isto, não são psis. Caso  sejam, não podem atender você. 

Talvez a maior vantagem da terapia seja a garantia do sigilo. Você não precisa temer que seus segredos sejam revelados para pessoas próximas. O anonimato, a confidencialidade, se torna, para parte da clientela,  um dos aspectos mais atraentes da psicoterapia.

A ausência de um relacionamento prévio, cliente-terapeuta,  deixa quem está em terapia mais à vontade, confortável, para se revelar. Claro que pode demorar um pouco mais, mas este vínculo.

O/a psi não fala muito de si – o tempo é de quem está à sua frente. E isto é a favor do/a paciente, que pode ser mais livre e não tentar ficar agradando o/an profissional, ou imitando-a. E quando fala de si, há um objetivo ali. O tempo é limitado e deve favorecer o processo psicoterápico. 

Mesmo quando o/a terapeuta atende a várias pessoas que se conhecem, a confidencialidade das sessões e sigilo profissional são assegurados e mantidos;

existe uma remuneração,  e isto diferencia do que se convencionou chamar de amizade.

Semelhanças entre terapia e amizade

Se você está em terapia, você tem de gostar de quem atende você. Tem de ter confiança.

O setting, seja presencial ou online, não é o lugar de mentir ou omitir. Mas o que leva a pessoa atendida a mentir?

Ela precisa se sentir aceita. Precisa sentir que não haverá julgamento sobre o que  fala ou faz. E que a pessoa à sua frente quer realmente ajudar você na sua trajetória. Torce para que você  realize seus projetos, a se comprometer com seus valores para ter uma vida mais realizada.

Se você mente para quem atende você, alguma coisa estranha está acontecendo… E precisa ser encarado e discutido também. 

Nós, psis, torcemos pelas pessoas que atendemos. Não entramos em competição com você. 

E pelo resto da vida, lembraremos da sua história – eu particularmente gosto de saber de como seguiram vida afora, depois do fim do nosso processo. E fico muito feliz ao perceber que, com dificuldades ou não, se aproximaram do que queriam, ao buscar a terapia. Ou que descobriram novas possibilidades.

O melhor da amizade verdadeira você encontrará na terapia: abertura, compaixão, escuta atenta, não julgamento, disponibilidade.  

E você? Consegue se dar conta de mais algum ponto de diferença que indique a importância da psicoterapia para o crescimento pessoal, que se diferencie de uma boa amizade? Deixe seu depoimento. 

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Thays Babo é Psicóloga Clínica, Mestre pela Puc-Rio, com formação em TCC (CPAF-RIO) e em Terapia do Esquema (Wainer Psicologia), com extensão em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo IPq (USP). Atualmente cursa a formação em Terapia do Esquema, pela Wainer Psicologia.

Atende a jovens e adultos em terapia individual, de casal e pré-matrimonial,  em Copacabana ou online, com hora marcada. 

Amizade e Terapia – entenda a diferença
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