Anualmente, no dia 1o de dezembro, dia Mundial de Combate à aids, são divulgados dados sobre a doença, em todo o mundo. Um bom link é http://mtv.uol.com.br/lutacontraaids/oquee , que divulga os números da doença no Brasil. Para mais informações, sugiro que navegue pelo site do Ministério da Saúde: http://www.aids.gov.br

O que intriga é: como, com tanta informação jovens e adultos, escolarizados, ainda se contaminam? Alguma opinião sobre o assunto? Apesar de não concordar com a íntegra da matéria, vale a pena ler em http://veja.abril.com.br/011008/p_096.shtml uma descrição do quadro atual.

Na minha dissertação de mestrado sobre relacionamentos amorosos, mostrei o quanto o discurso amoroso  veiculado na mídia ajuda disseminar a crença em um poder curativo do amor. “Só o amor salva” ou “o amor em si é remédio para tudo”. Pode parecer uma conclusão rasa, fatalista, que isentan o público de responsabilidade ao “digerir” o que chega via mídia. Claro que o público tem poder crítico, mas este tipo de mensagem vai entrando na mente da gente, subliminarmente… Resultado:  casais, com poucos meses (ou semanas, ou dias), acham que já conhecem o outro, que seu par  é confiável, e abrem mão da proteção, para intensificar o prazer ou mesmo dar um voto de confiança, firmando um laço.

Várias pesquisas apontam que os adolescentes usam preservativos nas primeiras relações mas, com pouco tempo, abrem mão da proteção. Proteção à própria vida, por confundir tesão com amor. Impressionante saber que os adolescentes acham que só porque existe um coquetel, a doença está sob controle e, conseqüentemente não mata. Mata, sim, infelizmente.

Mas este problema  não está restrito aos mais jovens. O quadro da aids se agravou inclusive entre os que tem mais de 50 anos, como se pode ler no site do Ministério. É uma idade crítica, de pessoas que estão saindo de relacionamentos de longa duração, que não tinham o hábito de usar preservativo em relações duradouras (o que é um risco, por si só, pois ninguém pode jurar pela fidelidade e responsabilidade do seu par, por mais que se conheça há bastante tempo. Todo mundo deve conhecer algum caso, próximo, de infidelidades entre casais estáveis) .

Sem querer descrer do amor, precisamos pensar que, em uma sociedade onde os amores são “líquidos”, escoam, não permanecem, não há como garantir que seu ou sua parceiro/a não tiveram um relacionamento com alguém que não se cuidou antes. Negar a possibilidade de um passado sexual (lembrando que aids não se transmite só por via sexual) é um pensamento infantil. Achar que nada de ruim acontece com a gente, só com os outros, é pensamento mágico.

Enfim, cabe a cada um de nós assumir que a vida sexual é para ser exercida, sim, que muitas vezes a sexualidade está desvinculada de amor e que este não é suficiente para evitar a infecção. A responsabilidade com o nosso próprio corpo talvez seja a forma mais básica de amar…


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Thays Babo é Mestre em Psicologia Clínica e atende no Centro do Rio

E a aids?

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