Se você ainda não assistiu a O Artista, está perdendo tempo. Unanimidade de crítica, o filme recebeu vários prêmios internacionais e alguns dos Oscars mais importantes de 2012 (Melhor Filme, Melhor Ator e Melhor Diretor). O que não deixa de ser surpreendente: preto e branco, mudo e com uma produção franco-belga, faturou na terra do Tio Sam, com um ator francês no papel título. Torço para que você não se renda a preconceitos tolos e confira: é muito improvável que você se arrependa de passar 100 minutos assistindo à película.

Para os cinéfilos, talvez o principal seja a homenagem que O Artista faz ao início do cinema. De certa forma histórico, mostra o momento em que os estúdios começaram a investir nas produções sonorizadas e o declínio de um aclamado ator do cinema mudo: George Valentin ( homenagem a Rudolph Valentino? não sei, não pesquisei muito sobre o filme para escrever este post….). Pessoas românticas também sairão satisfeitas, pelo clima “comédia romântica”. Os amantes dos antigos musicais de Hollywood também.

Se você costuma visitar o Confabulando, já deve ter percebido que, se estou resenhando, é porque achei que o filme propicia discussões psis. Acredito que possa servir como filme ‘terapêutico’ para alguns pacientes… Depois do trailer, podemos falar sobre isto…





Resumindo (muito): George Valentin vive em 1927 o auge do seu sucesso como ator de cinema mudo. Lota cinemas, tem muitos fãs e sua vida material é maravilhosa. A sentimental é um fiasco: mal fala com a mulher e o seu cachorro (Uggie, que faturou um prêmio de Melhor Cão, rsrsrs) é o seu companheiro mais constante. Um dia, George cruza com Peppy Miller, uma fã que, encantada com ele, batalha e acaba conseguindo um papel coadjuvante em uma de suas produções. Apesar do forte magnetismo entre os dois, George resiste bravamente às investidas da jovem. Ela consegue cada vez mais papéis, mas nunca contracenam juntos.

No início do século 20, o público já era ávido por novidades, prenunciando o famoso “15 minutos de fama”, de Andy Wahrol. Percebendo isto, os estúdios resolvem investir nos filmes falados. George, o arquétipo do artista, com um ego infladíssimo, não aceita a mudança de rumo. Acreditando ser adorado por um público que julgava fiel, resolve ele mesmo escrever, produzir e dirigir seus filmes. Insiste no gênero mudo para logo descobrir que os estúdios estavam certos: de fiel, o público não tem nada. Seus pesadelos se realizam. Ainda por cima, vem a crise de 1929, seu filme é um fracasso e não se paga. George vai à falência, tem de sair de sua mansão, a esposa o abandona e espolia. A roda da fortuna gira e enquanto ele cai, sua protegida, Peppy Miller, ascende.

Peppy está tão deslumbrada com seu sucesso quanto George esteve. Há um confronto entre os dois e Peppy percebe o quanto ela mesma está sendo deslumbrada. Tenta reparar e retribuir a ajuda que recebeu, o que não é uma tarefa fácil: o ego do artista está em frangalhos. Valentin tem uma rigidez de alma, que o faz agarrar-se a um passado que não pode continuar. Orgulhoso e humilhado, ele não consegue ver o rumo a seguir. Será Peppy que vai conseguir iluminar seu caminho e apontar a saída.


E o que eu vi de psi neste filme? 😉 Algum palpite?

Fique à vontade para opinar – vale até discordar! Clique no título , abrirá uma caixinha no rodapé. Assim que eu ler, publico.

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Thays Babo é psicóloga, Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio e atende no Centro do Rio.

Egos no alto
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