Muitos casais só buscam terapia após longo tempo de desentendimento e sofrimento. Segundo o Dr. John Gottman, estudioso dos relacionamentos amorosos, o tempo médio dos casais até buscar terapia é de 6 anos.

Obviamente, quanto mais tempo o casal demorar a iniciar o tratamento, mais haverá fatos e mágoas acumulados. Certamente, a demora tende a dificultar o processo da terapia de casal.

Durante a pandemia – terapia online

Casais que estavam em harmonia, antes da pandemia, puderam aproveitar melhor o tempo ampliado. Recorreram à criatividade e ao bom humor. Mantêm uma boa comunicação e ouvem um ao outro de forma compassiva.

Porém, o convívio em tempo integral intensifica os problemas já existentes em casais que estavam em crise – mesmo antes do isolamento social. Aos problemas já existentes, somam-se aqueles relativos à pandemia em si: medo, angústia, luto.

Transtornos como ansiedade e depressão tendem a se agravar com o confinamento. Assim, é importante ressaltar que quem fazia tratamento farmacológico não pode parar a medicação sem o devido acompanhamento profissional.

Com o intensivão de convívio, a necessidade de buscar ajuda psicoterápica derrubou algumas barreiras em relação à terapia.

No entanto, muitos ainda não imaginam que a terapia de casal ou a terapia pré-matrimonial podem ser feitas usando as plataformas digitais, como Skype, Zoom, Whatsapp ou Google Meet.

Por que tanta demora e resistência?

Por acreditarem que todo e qualquer problema na relação será resolvido, magicamente, por amor, sem precisar ajuda especializada, muitos casais demoram a buscar a terapia. A ideia de que o relacionamento amoroso “perfeito” não pode ter problemas vem da tradição do amor romântico.

Aliado a isto, ainda tem a idealização de que a terapia tem de ser presencial. Ok, você até pode preferir. Mas a gente tem de entender que entre o necessário e o possível, a gente tem de optar muitas vezes pelo possível. Porque será melhor do que deixar o relacionamento ir por água abaixo por falta de flexibilidade – psicológica e cognitiva.

O que é preciso saber sobre relacionamentos amorosos?

Para começar, preciso saber que um relacionamento amoroso demanda trabalho. Atenção. Consideração. Não existem relacionamentos perfeitos. Se as pessoas não são perfeitas – como um relacionamento poderia ser?!?

Só será “perfeito” se o par tiver abertura e flexibilidade um diante do outro. Se desenvolverem inteligência emocional.

Então, é uma mera questão de tempo para que o casal descubra divergências. Afinal, o relacionamento amoroso é o encontro de duas pessoas com históricos diferentes, vindas de famílias que, muitas vezes, têm origens bem diferentes. Trazem hábitos e valores diversos.

Além disto, cada pessoa traz sua experiência amorosa. Se existirem traumas – vindos da infância, da adolescência ou até do último relacionamento – a pessoa pode ter esquemas de desconfiança e abuso. Assim, vai usar estratégias de defesa, mesmo quando o par não apresenta nenhum risco. Ou mesmo atacar.

Alguns dos nossos esquemas são complementares ao da pessoa que nos atrai – e não nos damos conta disto, a princípio. O convívio, porém, traz à tona muitas das nossas dores emocionais, experimentadas a partir de experiências iniciais de vida.

Ciúme

Por isto, é importante olhar o seu par com compaixão, tentando entender o que se passa na relação de vocês. Cabe também a você controlar o ciúme do passado amoroso – também conhecido como ciúme retrospectivo.

Este tipo de ciúme tem sido muito estudado com o surgimento das redes sociais. Afinal, as redes possibilitam acesso a informações sobre o passado amoroso do cônjuge e pode incitar a conflitos – muitos desnecessários.

Certamente, “amar dá trabalho“. O amor é uma habilidade, a ser desenvolvida, como afirma o filósofo Allain de Botton – e você tem de fazer a sua parte para que dê certo. E muito da sua parte demanda flexibilidade psicológica e cognitiva, bem como aceitação da pessoa que você escolheu.

Terapia demanda compromisso

Em terapia de casal ou pré-matrimonial, cada pessoa precisa assumir sua responsabilidade e o compromisso com o processo e com seu par. Devem também ter clareza sobre o que esperam da terapia. A intenção é ficar juntos ou separar, de forma amigável?

O compromisso mútuo e com o processo terapêutico é que determina o sucesso da terapia.

Mas, muitas vezes apenas uma pessoa do casal sabe o que quer da relação.

A terapia de casal acaba sendo o espaço e tempo onde se chegam a estas conclusões. Não é raro que quem queira manter a relação recorra à terapia como tentativa de convencer a outra pessoa a continuar.

Mas o(a) psicólogo(a) estabelece com ambas o que é o objetivo daquele processo.

Importante: se um ou ambos já faz terapia, a terapia de casal ou pré-matrimonial deve ser feita com outro/a psi, para que não haja problemas.

E que tipos de problemas seriam? De achar que o/a psi está privilegiando a pessoa que atendia antes. Ou que ele/ela tem informações privilegiadas.

Terapia de casal ou pré-matrimonial: foco na comunicação

A comunicação do casal deve ser empática, compassiva, com foco nas emoções. Deve-se evitar a crítica – quem não se fecha ou se defende diante dos ataques críticos?

É raro ter este treinamento em casa, na infância. E muitas vezes assistimos a nosso pai e mãe brigando.

Com nossos cuidadore/a/s de início de vida aprendemos o estilo de comunicação. Assim, faz parte do processo terapêutico identificar os padrões aprendidos na infância e a partir daí o “treino” da comunicação não violenta. Ou seja. uma comunicação mais empática e compassiva.

Os pesquisadores do The Gottman Institute desenvolveram uma metodologia que permite afirmar com precisão se um casal vai ou não se separar, observando a forma com que o par amoroso se comunica.

Assim, uma das primeiras coisas que terapeutas de casal fazem é observar a comunicação do casal e ensinar como melhorá-la.

Terapia online para casais

Como mencionado anteriormente, o tempo é fundamental para que as divergências não se aprofundem. e não se avancem limites das quais ficaria impossível recuar, sem muito sofrimento.

Se você acha que o seu relacionamento está em crise, busque a terapia adequada pra você o quanto antes. Presencialmente ou online, não deixe que as diferenças se aprofundem.

Thays Babo é psicóloga, Mestre em Psicologia Clínica (Puc-Rio), possui Formação em Terapia Cognitivo-Comportamental e em Terapia do Esquema, bem como extensão em Terapia de Aceitação e Compromisso.

Atende a jovens e adultos, em terapia individual, de casal ou pré-matrimonial, em Copacabana e online.

Referências

Beck, A. T (1988). Love is never enough. New York: Harper & Row

Harris, R. (2009) ACT with Love: Stop Struggling, Reconcile Differences, and Strengthen Your Relationship with Acceptance and Commitment Therapy. Oakland: New Harbinger Publication.

Walser, R. D; Westrup, D (2009) – The mindful couple – how acceptance and mindfulness can lead you to the love you want. Oakland: New Harbinger Publications

Terapia de casal e Terapia Pré-Matrimonial – para que cuidar e como?

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