Vamos ser sinceros: vida a dois não é fácil. Aaron Beck, criador da Terapia Cognitiva, escreveu “Love is never enough“, algo como Amor nunca é suficiente” (a edição brasileira, Para além do amor, está esgotada). Então a Terapia de Casal deveria ser um recurso mais utilizado, menos estigmatizado.

Amor é uma habilidade a ser aprendida“, como diz Allain de Botton, filósofo suíço.

Vários terapeutas de casal apontam que a inteligência emocional é o diferencial para um relacionamento íntimo, diário, como o casamento, dar ” certo”.

Com inteligência emocional, conseguimos manter uma boa comunicação. Ouvimos nosso par, procuramos soluções juntos. Cada um consegue reconhecer e regular suas emoções.

Em um compromisso amoroso, as pessoas se comprometem em crescer. São precisos maturidade, respeito mútuo e valores em comum. As ações do casal deverão ser compromissadas com tais valores.

Para um relacionamento amoroso ser realizador, flexibilidade psicológica e flexibilidade cognitivas são fundamentais

Excesso de tensão desgasta não só a relação em si, mas a saúde (física e mental) de cada um.

Treinamento das habilidades emocionais

Mas e quem não recebeu treinamento das emoções? Na verdade, a maioria de nós não recebe. Nem todas as famílias têm um padrão de comunicação saudável.

Este treinamento também não é obtido, até hoje, na maioria das escolas. Poucas são as que treinam habilidades sociais básicas, como as de comunicação, por exemplo. E, quando isto acontece, são da rede privada, o que faz com que fique restrito à parte da população.

Se você preferir esconder seus sentimentos – e sua vulnerabilidade – provavelmente terá vários casos amorosos. Irá terminar um relacionamento e buscar outro.

Este tipo de comportamento é conhecido como monogamia sequencial. Sua tendência pode ser fugir das adversidades que o relacionamento amoroso traz. Muitas vezes isto tem a ver com esquemas iniciais desadaptativos, vindos da sua relação com seus cuidadores.

Mas também vem, muitas vezes, das crenças da cultura romântica. Você pode tratar isto em um processo psicoterápico.

Crenças do amor romântico

As crenças românticas colaboram para as altas expectativas e exigências feitas ao par amoroso. Filmes românticos ou novelas não costumam mostrar divergências sobre divisão de tarefas domésticas, do espaço físico e das contas.

Allain de Botton brinca dizendo que, “nenhum poeta romântico, escritor ou artista jamais mencionou quem teria de lavar as roupas…” Ou a louça. Ou estudar com as crianças. Estas são situações cotidianas, da realidade da maioria dos casais contemporâneos.

A comunicação do casal será fundamental para a qualidade do relacionamento. Mas o casal vai precisar aprender a se escutar, de forma respeitosa e compassiva. Não é como nos filmes, que as pessoas só de olhar já se entendem. Claro que eventualmente isto pode acontecer. Mas não se deve acreditar que a ‘telepatia’ aconteça sempre.

A terapia – de casal ou pré-matrimonial podem ajudar os casais a se (re)aproximarem.

Inteligência emocional – chave do sucesso para o relacionamento

Pesquisadores do The Gottmann Institute conseguem predizer se um casal ficará junto observando a forma com que se comunicam.

  • Na terapia de casal, e também na terapia pré-matrimonial, as habilidades sociais de comunicação são explicadas, mostrando como a comunicação precisa ser aberta, clara, assertiva. E, ao mesmo tempo, amorosa e compassiva.
Crenças sobre a Terapia de Casal

Muitos casais não buscam a Terapia de Casal (TC) por acharem que será um tratamento caro. Estas crenças se somam às crenças românticas, já mencionadas – sendo uma delas que o amor resolverá todos os problemas, por si só.

É uma pena. Na verdade, a TC pode ter ótimos resultados, apesar do preconceito negativo. E, fazendo as contas, sai muito mais barato – financeiramente – do que um divórcio – em especial, o litigioso.

E pode ser uma grande vitória emocional se você conseguir regular suas emoções e resgatar um relacionamento no qual você apostou.

Muitos casais que fazem TC – e permanecem juntos – não contam para as pessoas próximas que procuraram ajuda psi (com exceção de Michelle Obama). Por outro lado, quando um casal que faz TC se separa, costuma desabafar: “Ah, não teve jeito: procuramos até terapia de casal“.

Terapia pré matrimonial – atuação preventiva

A terapia de casal pré-matrimonial tem sido procurada por casais jovens em dúvida sobre se devem casar, morar junto ou continuar cada um na respectiva casa. Em termos históricos, até bem pouco tempo, não era permitido que um casal de namorados passasse dias inteiros junto, viajasse ou tivesse qualquer tipo de intimidade.

Agora, o convívio íntimo possibilita conhecer as diferenças antes de se morar junto.

Esta conscientização desperta o sinal de alerta em alguns casais, que ficam com medo de ir adiante e formalizar a relação. Millenials tendem a procurar mais terapia e também a terapia pré-matrimonial (ou terapia pré-conjugal) para decidir o que fazer.

Terapia pré-matrimonial – o que ela tem de diferente?

Na prática, as técnicas utilizadas na terapia pré-matrimonial são bem parecidas com as da terapia de casal tradicional. Porém, o foco é mais definido. E surge uma combinação excelente entre a Terapia de Esquemas e Terapia de Aceitação e Compromisso.

Trabalham-se com os valores individuais. E também se estabelecem os valores que nortearão o relacionamento. Cada um se compromete a agir em direção ao que escolherem.

Como na terapia de casal, a comunicação não violenta (CNV) é treinada. O par desenvolve maior flexibilidade psicológica e aceitação mútua.

Além disto, podem-se tratar questões simples – que ficam de fora da produção da cultura romântica. Enfim, tarefas domésticas podem ser um dos fatores de risco para a vida a dois. Falar sobre isto antes de juntar as escovas de dentes evita muitas discussões.

Foto de Josh Wilburne em Unsplash

As altas expectativas sobre o que é o casamento em si podem causar um “pânico”. Casamento (seja oficializado ou não) nunca é fácil. Certamente é uma das experiências mais desafiadoras. Mas também é uma das que trazem maior crescimento emocional.

Se seu relacionamento amoroso está em crise e você sabe que vale a pena investir seu tempo e afeto, procure ajuda psicológica. Faça psicoterapia.

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Thays Babo é psicóloga, Mestre em Psicologia Clínica (Puc-Rio). Possui Formação em Terapia Cognitivo-Comportamental e em Terapia do Esquema, com extensão em Terapia de Aceitação e Compromisso.

Atende a jovens e adultos, em terapia individual, de casal ou pré-matrimonial , em Copacabana ou online.

Terapia de Casal – por que não?

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