Você sabe o que é oniomania? Oniomania é a compulsão por compras. Este comportamento obsessivo,   desenfreado e sem controle, traz inúmeros problemas para quem sofre deste transtorno e às vezes para seus familiares.

Com a proximidade da Black Friday, fique atento(a) ao seu comportamento. Em tempo de pandemia, as tentações agora pegam você dentro de casa.

Emoções ligadas à oniomania

Se você sofre de compulsão por compras, provavelmente tenta esconder isto das pessoas próximas. O problema é que esconder faz com que sua vida financeira possa chegar  a um nível insuportável. 

O filme Becky Bloom retrata de forma divertida o drama de quem sofre deste problema. Não se engane: na vida real pode chegar a ser trágico, se não houver ajuda especializada e apoio das pessoas próximas

Becky Bloom e a compulsão por compras

Adaptado para o cinema, a partir do livro  “Confessions of a shopaholic“, Becky Bloom  pode servir como filmoterapia. A história é transferida de  Londres para  Nova Iorque. Por quê?

Talvez NY seja a  cidade mais tentadora para compras, mesmo para quem não é excessivamente consumista. Afinal, o consumo nos Estados Unidos é muito estimulado e poucas pessoas percebem o quanto é mesmo exagerado.

Como muitos  shopaholics – ou oniomaníacos -, Becky mente para disfarçar sua situação.

Young woman walking with shopping bags, low section

Na vida real, como é?

Sendo uma comédia romântica, a protagonista resolve de maneira fácil o problema. De certa forma,  a compulsão é justificada, com origem na relação com a mãe, quando era pequena, pelas suas necessidades não atendidas.

Talvez pudéssemos dizer que Becky tinha o esquema de defectividade e vergonha bem como o de necessidade de admiração e reconhecimento.

Na vida real, somente uma psicoterapia pode ajudar a identificar a origem. E, o mais importante, a mudar o comportamento. O primeiro passo é se conscientizar de que é um problema. 

Quem tem compulsão por compras sofre muito – e tem vergonha de falar sobre o assunto. Assim, as pessoas próximas podem se envolver no problema, às vezes tardiamente.

 Os relacionamentos  são afetados

A vida pessoal é prejudicada  como um todo. Ao comprometer a saúde financeira e o patrimônio relacionamentos amorosos podem acabar e podem acontecer cisões familiares.  

Assim, muito frequentemente a oniomania é acompanhada de ansiedade e/ou  depressão. Estes transtornos podem ser preexistentes ou agravados pelos comportamentos compulsivos. Também há  pontos em comum com a dependência química.

O endividamento pode levar a família a intervir, se tem acesso às finanças da pessoa que se endivida. Às vezes a família tem de interditar – o que no Brasil não é um processo fácil, podendo levar meses.

Como todas adições, quando acha que não tem solução, ou por vergonha, a pessoa em desespero pode até tentar o  suicídio.

Como tratar

Na vida real, a ajuda profissional especializada é a forma mais segura da pessoa conseguir superar o problema ao identificar o que a compra significa para aquela pessoa. 

Às vezes será preciso o auxílio de um profissional de contabilidade, outro de direito, além da ajuda psicológica, para entender  as emoções envolvidas  na compra e na pós-compra. O que impulsionou à compra e ao endividamento? 

Questões paralelas ao consumismo

Outro tema, não abordado, atravessa o filme: o lixo gerado a partir do excesso de consumo, tema para outro post.

E é bom destacar que, apesar de a onomania ser estatisticamente mais frequente em mulheres, homens também sofrem deste transtorno.

Mas não  necessariamente a compulsão será por consumir moda. Podem ser aparatos eletrônicos, inclusive.

Prevenção

Muitas pessoas que sofrem de oniomania  não tiveram uma educação financeira. Hoje existem cursos direcionados a crianças e adolescentes. Caso você tenha filho/a/s,  ensine-a/s a  ser financeiramente responsável.

Passe bons valores também, com menos estímulo ao consumismo. 

Algumas atitudes radicais podem ser tomadas para prevenir maior endividamento: cancelar cartões de crédito e  reduzir o limite do cheque especial , por exemplo.   

Se você conhece alguém que sofre disto, ao invés de julgar, aconselhe a procurar ajuda especializada. 

Veja a entrevista com uma psicóloga e um psiquiatra que esclarecem melhor este tipo de compulsão.

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Thays Babo (CRP 05/23827) é  Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio, com formação em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) pelo CPAF-RIO e extensão em Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) pelo IPq (USP). Atualmente, cursa a formação em Terapia do Esquema, com término previsto para setembro de 2021. 

Atende a jovens e adultos em terapia individual, de casal e pré-matrimonial. Durante a pandemia, a  maioria dos atendimentos é feita  on-line

Oniomania – o que é?

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