“Antes da Meia-Noite” provavelmente agradará mais a quem assistiu aos dois filmes anteriores (“Antes do Amanhecer” e “Antes do Pôr-do-Sol“, respectivamente) sobre o casal formado por Céline – francesa, interpretada por Julie Delpy – e Jesse – americano, interpretado por Ethan Hawke. Descobrimos como seguiu esta história de amor, iniciada em 1994, em uma viagem de trem até Viena, quando os então jovenzinhos se conhecem. Antes da Meia-Noite resume um pouco do que se passou nos últimos anos, depois de termos testemunhado que Jesse perdeu o avião de volta para New York (no segundo filme).

Perdeu o avião para ganhar uma vida nova. Ou uma sobrevida, com todas as delícias mas também dificuldades que mudanças exigem. O foco agora é na vida de hoje. Casado com Céline, Jesse tem duas filhas gêmeas: Nina e Ella. Provavelmente os nomes homenageiam as divas americanas do jazz . Afinal, como esquecer a cena final de “Antes do Amanhecer”, em que Céline imita Nina… ?

(Se você não viu ou esqueceu, confira a cena abaixo…)





O terceiro filme retrata um impasse na vida do casal. Tendo aproveitado aquela segunda chance em Paris, agora passam férias na Grécia com as crianças. Será que levam a vida que queriam? Como vários outros casais, podia-se esperar que eles também tivessem suas rusgas. E como é o seu modo de enfrentá-las? Com leveza ou com drama? Jesse sempre foi mais aberto e otimista, Céline tendia a ser mais melancólica (o que ficou muito evidente no segundo filme). Neste terceiro, quando o conflito é aberto, percebe-se o quanto Céline usa doses (exageradas?) de feminismo e se enrijece. Não se dá conta do homem que está à sua frente, que, sim, tem vários traços ‘infantis’ mas mostra-se muito mais maduro do que ela em muitos momentos.

É interessante testemunhar o romantismo dos outros dois filmes posto à prova. Quem acompanhou até aqui a história do casal nutre, provavelmente, um certo carinho pela dupla, torcendo para que tudo dê certo (e que venha um quarto filme). Por enquanto, só podemos continuar discutindo sobre o quanto se idealiza um relacionamento, o quanto cada pessoa projeta em relação a seu par, esperando que atenda suas expectativas (em geral, altas!) e consequentemente se frustrando… No filme, vemos o risco de agarrar-se a padrões de funcionamento rígidos em relacionamentos. Sem flexibilidade, pode-se colocar tudo o que foi arduamente construído a perder.

Ah, em tempo: o trailer do terceiro filme é:





E então? Assistiu? Aguardo seus comentários! Basta clicar no título do post.

____________

Thays Babo é psicóloga. Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio, atende no Centro do Rio.

… e suas filhas também…