Com muitos fãs brasileiros, o cinema argentino produziu uma comédia romântica bem leve: Um namorado para minha esposa. O filme brinca com a falta de comunicação entre casais, muito frequente quando se enfrenta uma crise conjugal. Por isto, a comunicação é uma das principais habilidades a serem treinadas em terapias de casal.

Por trás das risadas, casais em crise que assistam ao filme podem ficar incomodados com a grande ‘verdade’: “O casamento é a principal causa de divórcio”

“Tenso” e Tana Ferro são casados. Ele vive infeliz com o jeito de sua mulher, que não para de reclamar, desde que acorda, fuma feito louca e não faz nada o dia inteiro. Pra piorar, detesta os amigos dele, constrangendo-o até não poder mais. Nos primeiros minutos de projeção, a simpatia vai toda para “Tenso”. A gente se pergunta como ele pode escolher alguém assim e não entende como lhe falta coragem de pedir para separar. Seus amigos dão uma força, dizendo que é a única saída e até ensaiam a fala com ele. E um deles apresenta a louca ideia de contratar um famoso sedutor, partindo da premissa que ela também não resistirá e tomará a iniciativa de deixar Tenso, deixando-o livre e sem culpa. Isto já seria um bom motivo para terapia, concordam?Tana se irritava demasiadamente com a mediocridade humana, que a tirava do sério. Apesar do excessivo jeito reclamão, nenhuma reclamação era totalmente descabida. Só demonstrava sua falta de traquejo social e irritabilidade. E ao longo do tempo, em um relacionamento, vai pesando. Talvez tivesse um transtorno de humor, leve, super tratável. Ou seria só rotina?A escolha dos nomes dos protagonistas não deve ter sido aleatória: Diego Polsky seria Tenso por ter casado com uma Ferro? Todos sabem que o ferro, se aquecido, se molda. E é a isto que assistimos ao longo do filme, com a transformação de Tana. Diego, que era muito boa gente, não tinha noção de quem era a mulher com quem se casara. E, não, não é nada disto que você está pensando. Ao contratar o sedutor, Diego fica surpreso com a auto-confiança de Cuervo Flores, que é inacreditável, diga-se de passagem. Quer controlar a situação, mas tem de ceder à constatação de que Tana vai se transformando a partir da aparição do sedutor. Quer dizer, é o que parece durante boa parte do filme.Na terapia de casal, fica claro que ambos viam a relação de forma totalmente diferente – o que é , aliás, bem comum em casais em crise, em que um dos dois quer (ou diz que quer) a separação e o outro não. Apesar de argentina, esta comédia romântica não fugiu ao final feliz dos filmes hollywoodianos. Nada tão grave que seja contra-indicativo para conferir._________________Thays Babo é psicóloga e Mestre em Psicologia Clínica, pela Puc-Rio. Atende no Centro do Rio e na Zona Sul, em terapia individual e de casal.

Casais em Crise (de criatividade)

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