Enfim, 12 de junho, o Dia dos Namorados chegou. Como vi em um meme, hoje muitos ficantes descobrirão se estão em um namoro ou não. Aqui no Brasil, à medida em que a data se aproxima, o comércio se aquece, as campanhas publicitárias estão em todas as mídias.
O Dia dos Namorados pode ser ótimo ou péssimo. Mais do que estar ou não em um relacionamento amorosos, a forma com que você encara seu status de relacionamento é o mais importante.
No Hemisfério Norte, os namoros são comemorados em 14 de fevereiro, dia de São Valentim (Valentine’s Day). E aqui no Brasil quem gosta de comemorar tem duas datas. E há quem se estresse duas vezes no ano.
Sabemos que o Dia dos Namorados é mais uma data no calendário. Passa.
Mas, como você está hoje? O que pensa sobre você e sua vida amorosa? Vamos falar sobre o lado emocional – deixando de lado questões comerciais ou mesmo fisiológicas, como a de liberação de neurotransmissores ligados ao amor e à paixão – assunto para outro post.
Dia dos Namorados como definidor
Para alguns casais, o Dia dos Namorados pode ser o divisor de água. Se você está saindo com alguém e não recebe nenhuma mensagem neste dia, ou apenas recebe mensagens ‘amigáveis’, fica bem claro o que esperar desta relação: nada. A não ser que a outra pessoa não viva no Brasil ou não assista tv nem se conecte.
Frustrações amorosas acontecem o ano inteiro. Só que parecem doer mais em datas festivas (como também nas comemorações de final de ano). Mas, buscando um aspecto positivo, sabendo o que você (não) tem, você pode reinvestir a sua energia no que (ou em quem) vai fazer lhe bem.
Programas para este dia podem ser caóticos
Assim como o comércio fica frenético, conseguir um lugar em algum restaurante também pode ser um perrengue. Aí o casal deve apelar para a criatividade ou para o conformismo de ficar em casa… Preparar comida juntos e assistir a filmes pode ajudar a criar um clima romântico.
Já atendi casais em que isto era um problema: um dos dois queria ir pra rua, enfrentar filas em restaurante ou até em motel, enquanto o outro até queria comemorar mas preferia ficar em casa, pedir uma comida e ficar a sós.
Para os mais caseiros. pode ser a oportunidade de maratonar séries ou de assistir a filmes românticos. Alguns “clássicos” dos anos 80 e 90 dão um quentinho no coração. Mas, sugiro que os consuma com moderação. E espírito crítico.
Afinal, a cultura do amor romântico contribuiu para criar crenças disfuncionais sobre como deve ser um relacionamento amoroso. As expectativas ficam lá no alto – e a frustração pode ser enorme.
Importante: pergunte a sua parceria se ela gosta e quer ver este tipo de filme. Impor suas escolhas pode azedar o relacionamento. Negocie, comunique-se. Flexibilidade e comunicação é tudo em um relacionamento amoroso.
Nunca imagine que você sabe tudo sobre seu par. Nem seria bom. Pergunte, aceite o que quiser ser compartilhado. Esteja também disponível para perguntas de volta. Sinceridade traz segurança – atributo muito importante para um relacionamento amoroso.
Queixas amorosas no dia dos Namorados
Não é só quem está solteiro no dia 12 de junho que reclama. Até quem está namorando, eventualmente, se frustra. Ou por não comemorar como gostaria ou porque investe em um presente e não recebe nada de volta (ou não na mesma proporção). Sim, parece bobagem, pensando-se na relação como um todo. Mas isto pode ser a ponta de um iceberg, que ativa esquemas até da infância e relação com os cuidadores iniciais.
E, antes de julgar, lembre-se: somos todos humanos. Estamos imersos nesta cultura de amor romântico desde sempre.
Relacionamentos e crenças disfuncionais
Pare e reflita: o que você vive nos outros 364 dias do ano? O relacionamento tem valido a pena, mesmo que não se comemore o dia 12 de junho? Hoje tem apenas 24 horas, como qualquer outro dia.
O problema é o que você tem experienciado – e o que pensa de você e da relação ao longo do ano.
Esta data pode ativar muitas crenças disfuncionais. Crenças de desvalor ou de desamor, por exemplo. Esquemas de fracasso, defectividade ou abandono também podem ficar ativos, na falta de um par amoroso. Ou por não receber uma mensagem de quem se esperava.
Quem não lida bem com a solidão, não aprecia a solitude, pode enveredar por uma bad trip, neste dia. Tentar escapar dos próprios sentimentos e pensamentos depreciativos através do abuso de substâncias, desligando das emoções desconfortáveis, é uma forma de enfrentamento de emoções desconfortáveis. Mas traz um grande risco. E você não merece sofrer assim, por ninguém. Acredite! No desespero, vale até ligar para o CVV (que atende 24 horas por dia, 7 dias por semana)
Se você se sente assim, busque ajuda especializada.
Quando seu humor e bem estar dependem de estar com alguém, está na hora de se conhecer melhor – tanto para descobrir quem você é quanto para aprender como pode sobreviver (e bem) sem alguém do seu lado.
Você deve se considerar a sua melhor companhia. Não só se considerar: você deve ser. Autoamor em primeiro lugar. Só assim podemos estar realmente disponíveis para outra pessoa.
Não se desespere: goste de si, em primeiro lugar
Aprender a gostar de si, destacando o que você tem de melhor, é o caminho para se abrir para novas oportunidades, sem o constrangimento do desespero.
Afinal, o excesso de ansiedade em ter um vínculo amoroso – ou a tristeza por não ter um– causa justamente o oposto do que se deseja: diminui as chances de um relacionamento saudável.
Além disto, o amor não deve se restringir apenas ao relacionamento amoroso. Você pode – e deve – expandir o seu conceito de amor, como o valor mais básico, que sustenta a vida. E transmitir amor às suas amizades, nas suas relações familiares.
Você também experimenta os benefícios do amor quando ajuda as pessoas – em atividades de voluntariado, por exemplo.

Pessoas equilibradas, terapeutizadas, “fogem” de pessoas muito dependentes. Dependência emocional é red flag para muita gente, pois são acompanhadas de controle, ciúme excessivo etc. Assim, as crenças pessoais negativas, de fracasso, de desvalor etc, acabam sendo reforçadas. E aí o sofrimento se perpetua.
Quando você conseguir valorizar a sua própria companhia, sabendo que é merecedor(a) de amor, verá que é muito mais fácil conseguir o que você estava mirando, a princípio. Você passa a ser mais ‘gostável’, uma pessoa realmente ‘amável’.
Dedique-se, invista no seu autocuidado e você se surpreenderá com a resposta que você receberá das pessoas à sua volta.
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Thays Babo é Mestre em Psicologia Clínica pela Puc-Rio, com formação em TCC (CPAF-RIO), em Terapia do Esquema (Wainer Psicologia) e extensão em Terapia de Aceitação e Compromisso pelo IPq (USP).
Atende a jovens e adultos em terapia individual, pré-matrimonial ou de casal, em Copacabana ou online.