Duas pesquisas brasileiras sérias – uma da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) e a outra, da USP, intitulada Estudo da Vida Sexual do Brasileiro (coordenada pela psiquiatra Carmita Abdo, que está à frente do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) da USP). Segue o link fantasmas fizeram cair o mito de que o brasileiro é bem resolvido na cama: 49% tem problemas de disfunção erétil. No Rio de Janeiro, cidade que exalta a sexualidade dos seus moradores mundo afora, sendo considerada uma capital sexy, o índice sobe para 68%. Como tudo é uma questão de marketing, é bem capaz que esta não seja uma pesquisa muito divulgada lá fora… Mas, o brasileiro deveria ter fazer o seu dever de casa, dando mais atenção à sua saúde sexual do que a alardear proezas de que é capaz.

Saúde não é motivo de piada e os dados da pesquisa mostraram que a saúde sexual do brasileiro inspira mais cuidados do que parece. Afinal, os problemas masculinos relatados são variados: vão desde falta de desejo à falta do orgasmo – muitas vezes associado à ejaculação. Existem vários motivos para isto, como você deve ter lido na matéria. Mas o que pode agravar a situação é a falta de regularidade de visita a urologista. Há um tabu em relação ao assunto, fantasias e medo. Há também a vergonha quando o homem se depara com uma urologista – o que dificulta também a termos números absolutamente confiáveis em relação às insatisfações, bem como a fazer o tratamento adequado. E certamente vários outros não listados na matéria.

A matéria chama a atenção para o problema de disfunções entre os jovens, muitas vezes ligado ao uso de drogas – incluído aí o álcool. O uso indiscriminado de antidepressivos, para combater qualquer tristeza também influi. Ainda afetam a vida sexual, apesar dos avanços da indústria farmacêutica. Mas, se o desempenho sexual é, psicologicamente falando, algo tão importante para os homens, o que faz com que se calem? Por que fazem cara de paisagem e mantêm a pose de que estão bem? Poucos procuram ajuda psicoterapêutica, mediante estes percentuais. 

No caso do álcool (droga ‘lícita’, mas não menos danosa), antes que pensem que vou fazer discurso contra o álcool,aviso que não é nada disto. Caso não estejamos falando de dependência química, em que um primeiro gole precipita a pessoa ladeira abaixo, mesmo a pessoa que consome em excesso eventualmente corre riscos. O álcool – como outras drogas – parece um ‘bom companheiro’ frente a situações em que se sente desconfortável. Ajuda a quebrar o gelo, reduzir a censura. Com isto, também, não se percebe tão bem os riscos que se corre. Sim, riscos há, seja para o homem como para a mulher. Não, também não vou falar do risco ao volante (as campanhas da Lei Seca já estão aí mesmo, com resultados favoráveis desde sua implantação). Falarei do risco de ter um comportamento de risco por ter bebido além da conta. Sim, se já é difícil de adotar o uso do preservativo, a dificuldade ainda aumenta se já se bebeu além da conta. E o que é o “além da conta?”. Isto é totalmente pessoal, mas … quando a pessoa fica tontinha já passou da conta.


Então, se cruzarmos os dados que falam do alto consumo de álcool pelos jovens, vemos que o que poderia ser apenas uma ‘festa’ , um momento de descontração, muitas vezes mina as campanhas de prevenção contra as DSTs e também de prevenção à gravidez indesejada. Além de tudo isto, a pouca experiência do jovem, mal combinada com a reação do organismo ao álcool, pode muitas vezes frustrar sua expectativa. E aí, ao contrário do que queria, ‘falha’, ‘broxar’. Para combater este medo, muitos estão usando o viagra e semelhantes, para ter mais segurança na hora H, sem terem a menor indicação para isto – correndo mais riscos ainda.

O alerta da pesquisa foi dado. Os homens não têm o mesmo hábito de, como as mulheres, terem consultas médicas anualmente. Mas o cuidado preventivo. E, caso já tenha alguma insatisfação, afasta a causa fisiológica, invista na sua saúde mental. Seu parceiro – ou parceira – agradecerá.

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O mito da sexualidade do brasileiro

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